quinta-feira, 3 de abril de 2014

A Cidade Rápida

O mesmo caminho de sempre. Umas vezes fá-lo cansado e a desejar que acabe, outras vais atarefado a registar as epifanias geniais que te vão surgindo. O que é engraçado é que há sempre algo mais para descobrir. Desta vez é de noite e nunca passam carros na rua.

Bate com os dedos no mármore daquela parede para descobrires que o não é, e para teres o privilégio de sentir o som metálico suave e reverberante que as placas fazem. Ouve mais uma vez. E mais uma. Como é agradável batucar ali!

Aquilo seria um gato? Volta atrás, vais ver que não dói. É mesmo um gato, e estacou a sua marcha imponente a meio do beco quando te viu. Como irá reagir? De repente começa a correr em tua direcção, mas mal se aproxima vira à esquerda para fugir de ti. Não confies que fundiu o seu preto com o da noite! Olha de novo para a frente, lá vai ele a correr mesmo debaixo da luz dos candeeiros! Com uma pontaria matemática enfiou-se num buraco da parede. Como pode caber ali dentro? Vai lá ver. Liga a luz do telemóvel, para descobrires uma sala em ruínas de uma cave e dois olhos brilhantes fixos em ti. Como o buraco é demasiado pequeno para ti, continua o teu caminho, anotando a morada para depois poderes vir espreitar no buraco com uma amiga de explorações.

Por andares sem pressa e desperto talvez descubras a altura dos prédios, e aprecies como é diferente o seu último andar. E porque olhaste para cima saberás que as árvores, de articulações despidas, já têm pequenas flores brancas. Aproveita também para ficar a saber que sítio é aquele, que nunca percebeste. Basta aproximares-te um pouco mais...

Antes de chegares ao teu destino ainda tens tempo para desacelerar mais um pouco e alegrares-te com os dois cães que brincam livres, um preto e um branco, enquanto as donas conversam. Afinal... Nem tudo é mau. ;-)

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